11 março 2007

A briga


Ele arrumou as malas e saiu.
Eu gritei:
- Espera aí! Precisamos conversar!
- Conversar? Você sempre vem com esse papo de conversar. De que adianta a gente conversar? Você sempre faz tudo diferente! Eu estou cansado.
- Calma. Não vamos jogar fora todo esse tempo que passamos juntos por causa de uma bobagem.
- Bobagem? Você chama isso de bobagem. Ah por favor!
- O que foi que eu fiz dessa vez?
- Como assim o que foi que você fez? Fez o que você sempre faz! Me sufoca! Me ignora! Eu nunca tenho voz ativa. Você sempre acaba fazendo o que quer. Faz de conta que eu nem estou aqui. Então estou realizando a tua vontade. Vou embora.
- Mas eu não quero que você vá!
- Agora é tarde!
- Então você vai embora assim? Vai esquecer tudo o que a gente viveu?
- E o que é que a gente viveu? Nesses 28 anos eu te pergunto: o que é que a gente realmente viveu junto? EU vivi. VOCÊ viveu. Mas muito pouca coisa NÓS vivemos.
- Ah é assim? E todo esse tempo que eu me dediquei a você? Quanta coisa eu já mudei por sua causa! Era bem mais fácil ser como eu era, mas você disse não... que eu tinha que mudar... e eu fiz. E agora é assim que você me agradece?
- Eu não tô te agradecendo nada. Nem tente colocar a culpa em cima de mim. Se alguém tem culpa aqui é você!
- Eu? Você sempre vem com essa! Chantagens emocionais. É só o que sabe fazer! Será que nunca vai conseguir fazer nada racionalmente?
- Não, não vou!!! Não tô falando? Olha aí. É por isso que eu vou.Você não quer mudar de verdade.
- Mas eu quero! Você não vê o quanto isso é difícil pra mim?
- Eu vejo... mas a tua boa vontade não dura nem meia hora. Daqui a pouco você já vai estar por aí se vangloriando da sua racionalidade. Então me deixe ir.... Se eu sou tão inferior assim, só porque tenho sentimentos, então eu vou!
- Nãoooo! Não vá! Eu te imploro! Ah... eu preciso tanto de você!
- Mesmo?
- Sim.
- Você assume isso? Que PRECISA de mim?
- Sim.
- Nem acredito estar ouvindo isso! Você precisa de mim mesmo que eu discorde de quase tudo o que você fizer?
- Sim.
- Então você promete que vai me ouvir mais?
- Prometo.
- Humm... (Silêncio) .... Tá, então eu fico.
- Jura?
- Sim.
- Ah eu te amoooooo!!!! Smack. Smack. Smack...
- Tá, pára. Não precisa exagerar. Eu não gosto de tanto grude assim também.
- Tá... hehehe

E foi assim que meu coração foi embora.
E depois voltou.

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