25 dezembro 2006

Dois



Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito...”
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.

Pablo Neruda

20 dezembro 2006

Saboreie...



Dois Quartos.
Quarto e Quartinho.
O nome já sugere intimidade, mas o cd vai mais além.
Ousado. Denso. Sexual.
Exagerado ? Não sei...
Eu diria verdadeiro, intenso, sem meias-palavras.
Uma mistura explosiva de sons e sentimentos... um verdadeiro orgasmo auditivo, pode-se dizer... rs ... Perfeito? Nem tanto. Mas com músicas pra todos os gostos.
Há canções de balanço delicioso como "Manhã" e "Tolerância". Baladas românticas como "Vai", "Eu não paro" e "Um edifício no meio do mundo". Canções intimistas como "Carvão", "Aqui", "Corredores" e "Claridade". Hits como "Rosas". E até músicas instrumentais. Miscelânea total.
E os arranjos? Maravilhosos.
E a interpretação? Impecável como sempre, só que ainda mais solta, madura e sem excessos.
E por que tanta polêmica então?
Há... ouça "Homens e Mulheres", "Cantinho" e "Eu comi a Madonna" que você vai saber...
Aliás, ouça, mas não se detenha na superficialidade. Talvez essa não seja a Ana Carolina que você esteja acostumado a ouvir, mas insista. Ouça outra vez, outra vez...
Há muitos ingredientes novos que precisam ser digeridos.
Não desista.
Permita-se experimentar esses novos sabores.
Prepare seus 10 talheres!
E saboreie sem nenhuma moderação...

Quer ouvir trechos das músicas?
Quer ver as letras das canções?

19 dezembro 2006

O mundo é vermelho !







"Que sirvam
nossas façanhas
de modelo
à toda Terra..."







Internacional - Campeão Mundial 2006.

14 dezembro 2006

Estação de Flores

''Em mim alta e nova e bela e triste se inaugura sob teus olhos d'água uma estação de flores que se insinuam entre brotos de terra que se encharca com chuva fina, de sol que se deita rubro sobre o rio que é todo calma e eu me perco pelas ruas que seriam nossas se teus passos pisassem minha sombra.
Pássaros revoam perto do meu ombro e adivinho teu sorriso branco de chegadas e partidas tão perto da minha boca, dos meus lábios, do meu beijo e no ar móvel das asas, tua respiração.
Há tanto sabes dos meus olhos, há tanto minhas promessas, meus desejos, meus sonhos sabes teus. Quantas estações se inaugurarão e quantas findarão até que teus passos sejam pássaros aos lado dos meus? ''
(Autoria desconhecida)

10 dezembro 2006

Instinto assassino


Viajar é bom, sempre bom, mas cansa. Pois é, eu estava de fato bem cansada. E também por um motivo qualquer estava com dor de cabeça. Pensei em dormir cedo, me recuperar direitinho, e aproveitar bem o dia seguinte.

Pois bem, era isso que eu tinha em mente pra aquela noite. Só isso. Dormir. Não tinha qualquer outra pretensão, nem planos mirabolantes, nem jantares à luz de velas, nem cenas de tórrida paixão. Queria a noite de sono dos justos. E assim, na inocência, me deitei na cama.

Mas a paz não durou muito. Na calada da noite, um turbilhão de ruídos saiu do posto de gasolina da esquina e chegou como uma avalanche. Me acertou em cheio. Pá!!!!!! Adolescentes e seus Bondes do Tigrão, Calypsos e afins me atingiram com toda a força. Fui tomada por aqueles sons retumbando na minha mente tum ti-tum... ti-tum... TI-TUMMMMMMMM ... Aos poucos ecoaram por toda a casa e fizeram o vidro tremer. Sentia como se meu coração estivesse pulsando dentro da minha própria cabeça. Entrei em choque.

E eu que já não conseguia dormir, agora nem conseguia mais pensar. Perdi o controle.

Tomada por um acesso de fúria queria acabar com aquilo a qualquer custo. Até a morte parecia um preço justo a pagar pelo silêncio. Mas preferia machucar e torturar. Queria que sofressem. Sorria ao me imaginar riscando aqueles carros do pára-choque ao pára-brisa. Escrevendo babacas, em letras garrafais, destruindo, destruindo... Mas isso ainda parecia tão pouco...

Meu instinto assassino precisava de mais. Estava insaciável e tomava conta de mim com uma força nunca sentida. Sublimava meu pensamento, me enlouquecia. No delírio, tinha idéias luminosas. E explosivas. Ah Bin Laden my love... e tudo iria pelos ares... Bummm! Que doce visão seria! Cérebros vazios de um lado... corpos tomados de hormônios de outro... E os selvagens estariam eliminados. Os que sobrevivessem voltariam pra suas cavernas e nunca mais sairiam de lá... pelo menos não até estarem prontos pra viver em sociedade. Que sonho lindo.
Mas o pesadelo era grande! Era preciso fazer alguma coisa. Alguém tinha que dar um basta naquela loucura. E seria eu.
Com o sangue borbulhando nas veias e a fúria dominando meu peito, fiz o que jamais pensei que seria capaz de fazer. O que nunca ninguém imaginou que eu fizesse. Disquei 190. Sim, eu fiz. Disquei 190 e um policial atendeu. 10 minutos depois tudo estava resolvido.
A força da natureza se acalmou... aos poucos... e a paz voltou a reinar.
Adormeci.

06 dezembro 2006

A rotina, o chocotone e o sujeito determinado

Hum... rotina... sempre que ouço essa palavra sinto calafrios. Rotina é uma droga. Pense, uma sucessão de acontecimentos sem nada de importante no meio! Horrível!
Imagine... uma vida inteira toda igualzinha... um dia após o outro sem nada diferente, nada novo, nada desafiador... Só aquela constância massacrante... Um tédio né? De enlouquecer!
E isso não é o pior. O pior é que ela é inevitável! É o que dizem por aí. Quem é que nunca ouviu coisas do tipo: "É, tu tá achando tudo maravilhoso agora, mas quero ver quando vier a rotina..." E blá-blá-blá... Dizem que tudo vira rotina!
Pois é, só de pensar nessa possibilidade, tenho vontade de correr pra cozinha e tomar uma overdose de chocotone. Acabar com esse sofrimento em potencial antes que ele ocorra. Eu é que não quero viver pra ver isso. Tudo se repetindo, repetindo...
Mas há quem pense diferente. A Elisa Lucinda por exemplo. Esse poema aí embaixo é dela.

Parem de falar mal da rotina!

Parem com esta sina anunciada de que tudo vai mal porque se repete!
Mentira! Bi-mentira! Não vai mal porque repete.
Parece, mas não repete. Não pode repetir. Eh impossível!
O ser é outro, o dia é outro, a hora é outra e ninguém é tão exato, nem um filme.
Pensando firme, nunca ouvi ninguém falar mal de determinadas rotinas:
Chuvinha, dia azul, crepúsculo, primavera, lua cheia, céu estrelado, barulho do mar...
O que é que é?
Parem de falar mal da rotina!
Beijo na boca, mãos nos peitinhos, agua na sede, flor no jardim, colo de mãe, namoro, vaidades de banho e batom, vaidades de terno e gravata, vaidades de jeans e camisetas.
Pecados, paixões, punhetas
Livros, cinemas, gavetas
São nossos óbvios de estimação
E ninguém para eles fala não
Abraço, pau, buceta, inverno
Carinho, sal, caneta e quero
São nossas repetições sublimes.
Isso não oprime o que é belo.
Isso não oprime o que aquela hora chama de bom:
A nossa peça, a nossa trama, a nossa ordem dramatica.
Nosso tempo então é quando?
Nossa circunstância é nossa conjugação!!!
Então vamos à lição: gente sujeito, vida predicado. Eis a minha oração!
Subordinadas, aditivas ou adversativas, aproximem-se!
Eh verão, é tesão.
O enredo a gente sempre todo dia tece.
O destino aih acontece.
O bem e o mal, tudo depende de mim.
Sujeito determinado da oração principal!

01 dezembro 2006

Era uma vez uma menina...


Era uma vez uma menina...
Ela tinha medo de muitas coisas, mas não sabia. Ela precisava de muitas coisas, mas não conhecia. Ela achava que devia ser perfeita. Isso dava muito trabalho! Passou muito tempo da sua vidinha na cela que construiu: a cela da perfeição. Ali, não podia fazer muitas coisas. Tinha que fazer só as coisas certas. E como era difícil fazer a coisa certa! Mas ela conseguia, a todo custo. E ficava orgulhosa.
O tempo passava e ela observava o mundo... observava... e interagia muito pouco. Era perigoso. De sua janela podia ver o que se passava lá fora. Só de relance espiava a vida. E o mundo lhe parecia frio, escuro e perigoso. Tinha medo de sair. Como sobreviveria naquele caos? Não, melhor ficar quietinha. Assim, ela ficou muito tempo, em silêncio. No seu mundo estava segura. Ali, nada a afetava e tudo era perfeito!
Mas um dia resolveu espiar... e o que viu a deixou muito intrigada. Havia pessoas de jeito estranho. Essas pessoas faziam coisas que ela jamais imaginou. Faziam coisas sem pensar! Dá pra imaginar isso? E às vezes, essas coisas davam certo e outras não. Isso não tinha lógica! Que medo, pensou.
Um dia conheceu amigos imaginários e eles a desafiaram. E ela era ótima em desafios! Topou na hora. Botou a cara na porta, tomou todas as precauções e saiu, devagar... Aos poucos, foi colocando a cabeça pra fora da cela. Depois o coração. Experimentou. Experimentou. E viu que também era capaz.
Que felicidade! Podia fazer qualquer coisa! Podia errar, mentir, magoar. Que maravilha, exultou.
Mas o tempo passou e a garotinha perfeitinha não estava contente. Descobriu que fazer essas coisas não era tão bom assim. Aquilo não tinha graça. Não queria mais. Então resolveu parar. Pensar. Pensar. Sentir. Mudar.
E mudou... e ainda está mudando. Hoje a janela do seu mundo dá pra um lindo jardim. Lá faz calor, tem luz e existem flores lindas !!! Ela está feliz. Muito feliz. Está se descobrindo. E está gostando do que vê. Mesmo que isso a assuste, às vezes.
Pelo que sei, hoje ela quer alguém pra olhar o jardim com ela...
Pelo que sei, hoje ela se faz passar por gente grande.
Mas às vezes, ainda tem medo, por isso não diz quem é.

Anotações...