29 maio 2007

Vazio

Nem que eu bebesse o mar
encheria o que eu tenho de fundo...

"Seduzir"
Djavan

23 maio 2007

A metade da laranja

Era uma vez uma linda laranja cortada ao meio.
Ela sentia muita falta da sua outra metade.
Um dia resolveu procurar a parte que faltava.
Saiu desvairada procurando em todos os lugares.
Procurou, procurou, procurou...
e quando finalmente encontrou,
teve uma grande surpresa.
Sua metade já tinha
virado suco de caixinha!
Pobre laranja... Ficou pra semente.

E você? Já encontrou a metade da sua?
a) Sim, encontrei, mas ela não tá madura ainda
b) Sim, encontrei, mas ela tá bichada
c) Sim, encontrei, mas ela tá um bagaço
d) Não, alguém encontrou antes de mim e comeu
e) Não, procurar a metade da laranja é coisa de frutinha.

Hum... Acho que só resta a engenharia genética...
Algum preconceito contra os transgênicos?
huahuauhauhuhaauh

21 maio 2007

Flores na Janela

Atiro flores na janela dela
Às vezes ela pega,
Às vezes não,
Vou continuar atirando...
Enquanto houver jardim.

19 maio 2007

Um dia ...

Acordou pela manhã e o dia estava lindo. O sol entrava pela janela, suave e reconfortante. Fazia um doce dia de outono. Sentia-se feliz. Calmamente abriu os olhos e viu na parede laranja atrás da cama, o quadro com uma foto sua em preto e branco, e não pôde deixar de notar como estava bonita, muito. Levantou e foi pro banho. Meia-hora mais tarde, saiu cantarolando do chuveiro e parou em frente ao espelho. Gostou do que viu. Sentia-se confiante. Vestiu-se e saiu. Antes de chegar no portão, colheu uma margarida no jardim e, pensativa, foi despedaçando cada pétala. Atravessou a rua, tomou seu breakfast na cafeteria charmosa e, enquanto comia um croissant, sorriu ao ver Brigitte Bardot estampada no guardanapo. Depois, saiu a caminhar pelo bairro. Gostava de andar pelos arredores. Passou na pequena livraria, na loja de discos antigos e cinco quadras adiante, sua mãe a esperava pro almoço sagrado das quintas-feiras. Sentia-se segura. Naquele dia não pôde demorar-se muito, tinha trabalho a fazer. Foi pro estúdio, selecionou umas imagens pro livro, outras pra exposição... queria que tudo saísse perfeito. Estava excitada. Passou a tarde inteira nisso... O tempo passou muito rápido, o dia se foi, e quando percebeu já eram sete horas. Estava atrasada! Juntou todas as suas coisas. Correu pra casa. Estava ofegante. Preparou tudo, fez o jantar, separou o vinho, e esperou... ansiosa... Sentia-se uma adolescente. Pontualmente às nove horas, ao som de Ray Lamontagne, a campainha toca. Ela levanta-se e abre a porta. Seus olhares se encontram. Seu coração pulsa como nunca... por instantes o mundo pára... (...) ...
Acordou pela manhã e o dia estava lindo...

17 maio 2007

Equilíbrio

Todos vêm ao mundo com alguma missão a ser cumprida. Todos tem algo pra aprender, superar, e então conduzir sua alma à tão sonhada evolução. Tomando essa afirmação por verdadeira, ela anda desconfiando do motivo pelo qual está empacada nesse estágio evolutivo. Descobriu, finalmente que, se tem alguma coisa que ela precisa aprender, essa "coisa" chama-se equilíbrio. Equilíbrio no que vê, pensa e sente.

Parece até estranho dizer isso, logo de uma pessoa tão sensata, racional e controlada como ela, mas não dá pra se enganar, ela só é calma por fora... por dentro, tudo oscila em extremos. Profundos e distantes extremos. E ela não sabe onde é centro de tudo.

Não sabe, porque não consegue ver, nem sentir, nem julgar o que ocorre à sua volta. Ela tem essa deficiência. Simplesmente não sabe interpretar os sinais. Parece que tem dois olhos mas que cada um vê realidades diferentes.

Algumas vezes essa realidade é dúbia e tênue e seus olhos duvidam do que vêem. Noutras, vem acompanhada de uma verdade tão absoluta que, naquele momento, ela sequer imagina a existência de outra possibilidade.

E assim ela oscila entre os dois pontos, ora acreditando, ora duvidando... Tudo isso ao mesmo tempo e sucessivamente, num balanço confuso e angustiante... E o equilíbrio cada vez mais longe... como um sonho inalcançável.

09 maio 2007

Chove lá fora...

Chove lá fora e aqui faz tanto friooooo
me dá vontade de saber...
POR QUE esse inverno não passa logo???
Brrrrr...

07 maio 2007

Time is over!


Você não tem saudade dos bons tempos? Aqueles tempos em que você era a pessoa mais nova em qualquer lugar que frequentasse? Quando suas lembranças mais remotas tinham no máximo 10 anos?

Não tem saudade de quando tinha todo o tempo do mundo à sua frente e a sensação de que poderia fazer da sua vida o que quisesse? Ou quando você era uma jovem promissora com um futuro brilhante à sua espera? Tipo um "Brasil, o país do futuro"?

Não sente saudade? Eu sinto. E você também sente, confesse!

Não finja que não viu o tempo passar.Admita! Você está ficando velha! Velha e acabada. Não há quem não note... seu corpo já não é mais o mesmo, não tem o mesmo pique. E a memória então? Nem perto do que era antes. Aliás, nada é como antes.

Acostume-se com a idéia querida: o fim está próximo! E é catastrófico. Não adianta fugir nem se desesperar. A lei da gravidade será cumprida impiedosamente e tudo vai desmoronar! É só uma questão de tempo, pouquíssimo tempo.

E o que você vai fazer enquanto isso my lady? Ficar aí parada esperando a pouca juventude que ainda lhe resta ir para o ralo? Mexa-se anciã! Corra-viaje-conheça-experimente-crie-mergulhe-voe-beije-coma-beba-transe-toque-ame-goze-ouse, aproveite tudo e viva... porque o seu tempo está acabando!

Tic-tac... Tic-Tac... Tic-Tac...

Compreendeu?

PS: Texto em homenagem ao meu aniversário de 29 anos...rs...

05 maio 2007

03 maio 2007

Visita Ilustre


O Papa (o Bento) vem ao Brasil.
Você sabe o motivo da visita?

a) Pra divulgar o cd do Padre Marcelo
b) Pra celebrar o casamento da Preta Gil e Gianechini
c) Pra dar a extrema unção ao Brasil
d) Pra canonizar a Sandy
e) O que? O velho nazista vem?

02 maio 2007

Carta-desabafo-padrão

"Nome da cidade, tanto de tanto de dois mil e tanto.
Nome do destinatário

Envio esta carta porque nunca mais quero você na minha frente. E dessa vez falo sério. Nunca mais quero ouvir a sua voz, mesmo que seja se derramando em desculpas. Nunca mais quero ver a sua cara, nem que seja se debulhando em lágrimas arrependidas. Quero que você suma do meu contato, igual a um vírus ao qual já estou imune.

A verdade é que me enchi. De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia, o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame.

Fico pensando como chegamos a esse ponto. Como nos permitimos deixar nosso amor acabar nesse estado, vendido e desconfiado. Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser. Não quero mais nada que exista no mundo por sua interferência. Não quero mais rastros de você no meu banheiro.

Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? O tédio a dois - essa é a minha parte no negócio? Sinceramente, abro mão. Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando.

Mas antes faço questão de te dizer três coisas.
Primeira: você não é tão interessante quanto pensa. Não mesmo. Tive bem mais decepções do que surpresas durante o tempo em que estivemos juntos.
Segunda: não vou sentir falta do teu corpo. Já tive melhores, posso ter novamente, provavelmente terei. Possivelmente ainda esta semana.
Terceira: fiquei com um certo nojo de você. Não sei por quê, mas sua lembrança, hoje, me dá asco. Quando eu quiser dar uma emagrecida, vou voltar a pensar em você por uns dias.

Bom, era isso. Espero que esta carta consiga levantar você do estado deplorável em que se encontra. Mentira. Não espero nenhum efeito desta carta, em você, porque, aí, veria-me torcendo pela sua morte. Por remorso. E como já disse, e repito, para deixar o mais claro possível, nunca mais quero saber de você.

Se, agora, isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem.
Não se expurga um câncer sem matar células inocentes.
Adeus, graças a Deus.

Nome do remetente.

P.S.: esta não é mais uma dessas cartas-desabafo.
P.S. do P.S.: esta é uma carta-desabafo-quase-música-de-Adriana-Calcanhoto"

Fernanda Young

01 maio 2007

A Era Virtual

Querido diário
Hoje estou de saco cheio.
De saco cheio de tudo e de todos.
Inclusive de você.
Seu pedaço de tela inútil!
Arrancaria todas as suas folhas, se você as tivesse.
Aliás, esse é um dos males da modernidade
(Odeio a modernidade).
Tudo é virtual!
A porcaria do diário é virtual, as histórias são virtuais, os sentimentos são virtuais.
Daqui a pouco até as pessoas serão virtuais!
(Já não são?)
Dizem até que o beijo já é virtual.
Virtual? Sim.
:***
:@
Reconhece?
Ah... por favor! Onde é que nós vamos parar?
Que pesadelo!
Eu quero o direito de arrancar minhas próprias folhas!
Quero dar os meus próprios beijos!
Quero o real, o sólido, o físico, o verdadeiro.
Temos que organizar a resistência!
Resistam, companheiros.

Sessão da tarde

A situação é a seguinte. Você quer assistir um filme há um tempão. Um clássico. Finalmente você descobre alguém que tem. Essa boa alma grava pra você. Aí você fica torcendo pra ter um tempo livre e ver a obra prima. A hora chega. Você finalmente vai ver. Vai ver??? Não. Não vai ver. Por que? Porque você é uma anta! Sim! Você não faz a menor idéia onde colocou o maldito do cd! Procura por tudo. Por toda a casa. Revira tudo e não encontra. A essa altura não tem nem mesmo certeza de que o trouxe. Que ódiuuuuu. Definitivamente, você merece assistir sessão da tarde.

Fênix




Sombras da noite escurecendo os olhos.
Raios de dor percorrendo as veias. Sem saída.
Angústia constante. Inquietude. Desassossego.
A mente viajando em círculos. O que fazer de si mesma?
Alta velocidade. Alta tensão.
Tristeza, vazio e solidão em doses cavalares... em overdose.
Vontade de gritar, se cortar, vazar, escorrer.
Matar. Morrer.
Deixar o sangue fluir, vermelho, quente, denso...
junto com a dor e o medo.
Expiar o fel das profundezas, do porão, do sótão, da margem.
Libertar a alma contida entre as paredes do corpo.
Um pedido de socorro. Ininteligível. Inútil.
Um silêncio cortante.
As palavras sem nexo.
As lágrimas falando por si só, sem ninguém ouvir.
O coração esvaindo-se... em cinzas.
À espera da Fênix.