06 dezembro 2006

A rotina, o chocotone e o sujeito determinado

Hum... rotina... sempre que ouço essa palavra sinto calafrios. Rotina é uma droga. Pense, uma sucessão de acontecimentos sem nada de importante no meio! Horrível!
Imagine... uma vida inteira toda igualzinha... um dia após o outro sem nada diferente, nada novo, nada desafiador... Só aquela constância massacrante... Um tédio né? De enlouquecer!
E isso não é o pior. O pior é que ela é inevitável! É o que dizem por aí. Quem é que nunca ouviu coisas do tipo: "É, tu tá achando tudo maravilhoso agora, mas quero ver quando vier a rotina..." E blá-blá-blá... Dizem que tudo vira rotina!
Pois é, só de pensar nessa possibilidade, tenho vontade de correr pra cozinha e tomar uma overdose de chocotone. Acabar com esse sofrimento em potencial antes que ele ocorra. Eu é que não quero viver pra ver isso. Tudo se repetindo, repetindo...
Mas há quem pense diferente. A Elisa Lucinda por exemplo. Esse poema aí embaixo é dela.

Parem de falar mal da rotina!

Parem com esta sina anunciada de que tudo vai mal porque se repete!
Mentira! Bi-mentira! Não vai mal porque repete.
Parece, mas não repete. Não pode repetir. Eh impossível!
O ser é outro, o dia é outro, a hora é outra e ninguém é tão exato, nem um filme.
Pensando firme, nunca ouvi ninguém falar mal de determinadas rotinas:
Chuvinha, dia azul, crepúsculo, primavera, lua cheia, céu estrelado, barulho do mar...
O que é que é?
Parem de falar mal da rotina!
Beijo na boca, mãos nos peitinhos, agua na sede, flor no jardim, colo de mãe, namoro, vaidades de banho e batom, vaidades de terno e gravata, vaidades de jeans e camisetas.
Pecados, paixões, punhetas
Livros, cinemas, gavetas
São nossos óbvios de estimação
E ninguém para eles fala não
Abraço, pau, buceta, inverno
Carinho, sal, caneta e quero
São nossas repetições sublimes.
Isso não oprime o que é belo.
Isso não oprime o que aquela hora chama de bom:
A nossa peça, a nossa trama, a nossa ordem dramatica.
Nosso tempo então é quando?
Nossa circunstância é nossa conjugação!!!
Então vamos à lição: gente sujeito, vida predicado. Eis a minha oração!
Subordinadas, aditivas ou adversativas, aproximem-se!
Eh verão, é tesão.
O enredo a gente sempre todo dia tece.
O destino aih acontece.
O bem e o mal, tudo depende de mim.
Sujeito determinado da oração principal!

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