29 setembro 2007

Coisa de mulher?


Futebol não é coisa de mulher.

Essa frase sempre me incomodou. Preconceituosa, leviana, sexista. Contrariava tudo o que eu acreditava e parecia carecer de qualquer fundamento lógico. Confundia tudo, gênero, papéis, esteriótipos.

Nem preciso dizer que também gerava discussões intermináveis, verdadeiras guerras verbais, das quais invariavelmente eu saía derrotada. Não adiantava falar. Nunca bastavam meus eloquentes e articulados argumentos teóricos. Tudo sucumbia ante à inegável realidade fática: eu não podia provar o que dizia.

E de fato, se realmente as mulheres eram capazes de jogar um futebol digno de respeito, porque eu não conseguia citar uma única representante dessa capacidade? Onde é que estavam esses extraordinários talentos?

Pois bem, desde aquele dia, muito tempo se passou... as coisas mudaram, evoluíram... e hoje, está fácil provar meus argumentos. Mulher sabe jogar futebol sim!!! E joga com graça, com raça, com talento. Duvida? Então veja a Marta jogar e você vai saber do que eu estou falando.

Alguém precisa prova maior do que aquele gol contra os Estados Unidos? Uma obra de arte! É pouco? Então talvez a trajetória desse fenômeno na Copa da China, as jogadas, os passes, os gols... a unanimidade como melhor do mundo...

Não dá mais pra negar. Até que pra quem não leva jeito pra coisa, as meninas andam jogando direitinho, não acham?

E amanhã é o gran finale... Independentemente do resultado (com o título ou não) podemos dizer que é um momento histórico pro futebol feminino brasileiro. O futuro começa aqui. E nós, testemunhas desse momento, provavelmente seremos lembrados como a última e exótica geração que ainda acreditava que futebol não era coisa de mulher...

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