16 janeiro 2007

What love means?... Ray LaMontagne

Hoje estive inquieta... uma inquietude musical insuportável... Nada me agradava. Nada fazia sentido. Estava achando tudo ruim, entediante e chato. Tentei de tudo e nada dava certo. Até que lembrei que, nessas horas extremas, nada melhor que recorrer a um amor seguro... recorri a Ray LaMontagne!

Minha paixão por ele começou desde a primeira vez que ouvi “Trouble”, single do primeiro disco, e foi ganhando força à medida que fui conhecendo um pouco mais desse singer/songwriter de voz docemente rouca, consistente e profundamente emocional. Alguns críticos o comparam a Van Morrison. Eu não sou muito adepta à comparações. Pra mim, ele é um grande cantor, com estilo próprio e voz única. E que veio pra ficar.

Ray tem uma trajetória de vida difícil, marcada pela pobreza e por uma infância e adolescência conturbadas. Desde cedo teve que trabalhar. Sua entrada no mundo da música aconteceu de forma inusitada. O cantor trabalhava em uma fábrica de sapatos e ao acordar às 04 h da manhã para trabalhar, ouviu no rádio uma canção que mudou a sua vida, “Tree Top Flyer” de Stephen Stills. A canção o tocou de tal forma que a partir daí decidiu que seria cantor. Naquele mesmo verão de 1999, gravou um demo com algumas canções e enviou às rádios locais, quando começou a se destacar e foi ouvido por produtores que levaram adiante seu trabalho.

O cantor ainda é pouco conhecido no Brasil mas, no cenário internacional, começa a traçar uma carreira promissora. O disco de estréia, “Trouble”, lançado em setembro de 2004, vendeu quase 400.000 cópias pelo mundo afora. Além disso, foi um dos 5 álbuns mais tocados no Reino Unido e rendeu diversos prêmios ao cantor.

O incrível nisso tudo é que o álbum “Trouble” foi gravado em apenas duas semanas! Apesar disso é maravilhoso. Harmônico, é impossível destacar uma canção que não esteja à altura do talento de Ray. Traz preciosidades como “Trouble” e “Jolene” (a minha preferida). Difícil não morrer de amores ouvindo “... a picture of you, holding a picture of me, in a pocket of my blue jeans, still don’t no what love means, still don’t no what love means...” . E ainda existem muitas outras canções belíssimas, cada uma com sua alma própria... às vezes triste, às vezes sexy... sempre profundas na interpretação marcante de LaMontagne. Destaque para “Hold you in my arms”, “Shelter”, “Forever my friends” e “Hannah”. Definitivamente é um grande álbum, daqueles pra guardar e ouvir sempre.

O segundo álbum, “Till The Sun Turns Black”, lançado em agosto do ano passado, também já é sucesso, tendo vendido 28.000 cópias na semana de estréia e alcançado o 28º lugar na parada Bilboard 200. Destaque para a deliciosa “Barfly” com backings de Rachael Yamagata, “Three More Days” e especialmente “Within You”, última canção do disco, uma das mais bonitas que já ouvi, com uma letra simples, mas cantada/recitada com tanta vulnerabilidade e dor que é impossível não se emocionar.

Ray LaMontagne é assim... uma voz poderosa e uma alma com muita coisa pra dizer.


Discografia
"Trouble"
"Till The Sun Turns Black"

Nenhum comentário: