31 janeiro 2007

A cética

Não costumo falar de coisas etéreas.

Sou concreta, racional, quase científica. Preciso de certezas, fatos, comprovações. Isso faz de mim uma pessoa cética, pra dizer o mínimo.

Não acredito em coisas que não posso provar, duvido de acontecimentos inesperados, incertos e confio apenas em probabilidades.

Por esse perfil, é fácil deduzir que eu nunca acreditei em nada parecido com acaso, destino ou sorte. Pra mim, sempre pareceu óbvio que tudo o que acontece é resultado do meu próprio comportamento... é uma espécie de "lei do retorno" onde o mundo reflete exatamente as nossas ações, como um espelho.

Pois bem, passei a minha vida toda acreditando nisso. Mas, pasmem, descobri que a vida flui!!!

Sim, pra meu espanto geral, descobri que o mundo gira sem o meu consentimento! E pior, as coisas acontecem sem o meu esforço, independente da minha vontade e até da minha ciência! Isso não é incrível? Acontecem quando "querem" ou "devem" acontecer. Sei lá.

Essa é uma descoberta e tanto! E como me alivia! Vocês conseguem imaginar o tamanho da responsabilidade de carregar sua vida nos ombros?

Vocês tem noção do que é ter que planejar, executar e controlar tudo o que deve acontecer na sua vida, de hoje até todo o sempre? Não é fácil, ainda mais quando se tem a certeza de ser o único responsável pelo sucesso ou fracasso da empreitada.

Não foi tarefa simples fazer isso até hoje. Ainda bem que descobri a tempo! Mas me pergunto, por que só agora?

Porque certas descobertas não foram feitas pra almas muito jovens. Certos mistérios só podem ser compreendidos com o decorrer do tempo, quando já estamos aptos a ver a vida com novos olhos, sem perder o rumo.

Ou quem sabe, porque hoje eu esteja mais preparada pra viver o inesperado. Talvez agora esteja mais aberta pra receber os presentes que a vida quer me dar... Aquele tipo de presente que ganhamos quando não estamos de aniversário e que nos é dado sem um "motivo especial".

E foi por isso, pra compreender tudo isso, que eu precisei aprender.
Precisei aprender a respeitar a vida e os seus propósitos inexplicáveis.


Não é isso o que chamam de destino?

Fata viam inveniunt
O que tem de ser tem muita força

Um comentário:

Unknown disse...

Me identifiquei muito com vc... só ainda nã descobri que a vida flui!